Contexto SAGRADAS ESCRITURAS, março, 2020


ICorinthios 10

E não tentemos a CHRISTO
E não murmureis, como tambem alguns delles murmurarão, e perecerão pelo destruidor.
E todas estas cousas lhes sobreviérão em figura, e estão escritas para nosso aviso, em quem ja os fins dos seculos são chegados.
O que pois cuida que está em pé, olhe que não caia.
[Almeida, 1850]

[62725]


Conhecendo a Bíblia -

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A autoria de Jó é incerta. Alguns eruditos atribuem o livro a Moisés. Outros atribuem a um dos antigos sábios, cujos escritos podem se encontrados em Provérbios ou Eclesiastes. Talvez o próprio Salomão tenha sido seu autor.

(Foto: Vista atual de Edom - A terra de Uz [1.1], pátria de Jó, situava-se ao norte da Arábia e a sudeste da Palestina. As referências a Teman [2.11] a Buz [32.2] ou aos filhos do Oriente [1.3], examinadas juntamente com textos paralelos da Escritura, permitem localizar a narrativa do livro de Jó nas vizinhanças do território de Edom, isto é, na parte sul da atual Jordânia. As grandes planícies desta região, outrora fértil, eram então cobiçadas pelos povos menos favorecidos, como testemunham as invasões dos sabeus e caldeus, citadas no primeiro capítulo de Jó)

Os procedimentos, os costumes e o estilo de vida geral do livro de Jó são do período patriarcal (por volta de 2000 aC). Apesar dos estudiosos não concordarem quanto à época em que foi compilado, este texto é obviamente o registro de uma tradição oral muito antiga.

A própria Escritura atesta que Jó foi uma pessoa real. Ele é citado em Ezequiel 14.14 e Tiago 5.11. Acredita-se que era descendente de Naor, irmão de Abraão. Conhecia Deus pelo nome de “Shaddai” - o Todo Poderoso. Há 30 referências a Shaddai no Livro de Jó. Ele era um homem rico e levava um estilo de vida seminômade.

O Livro de Jó tem sido chamado de “poema dramático de uma história épica”. Os caps 1-2 são um prólogo que descreve o cenário da história; satanás apresenta-se ao Senhor, junto com os filhos de Deus, e desafia a piedade de Jó, dizendo: “Porventura, teme Jó a Deus debalde?” [1.9]. Vai mais longe e sugere que se Jó perdesse tudo o que possuía, amaldiçoaria a Deus. Deus dá licença a satanás para provar a fé que tinha Jó, privando-o de sua riqueza, da sua família e, finalmente, da sua saúde. Mesmo assim, “em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios” [2.10]. Jó, então, é visitado por três amigos:

Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta e Zofar, o naamatita; que ficam impressionados pela deplorável condição de Jó; permanecem sentados com Jó durante sete dias sem dizerem uma única palavra.

A maior parte do livro é composta por três diálogos entre Jó e Zofar, seguidos pelo desafio de Eliú a Jó. Os quatro homens tentam responder a pergunta: “Por que sofre Jó?

Elifaz, argumentando a partir da sua experiência, declara que Jó sofre porque pecou. Argumenta que aqueles que pecam são punidos. Como Jó está sofrendo, obviamente pecou.

Bildade, sustentando sua autoridade na tradição, sugere que Jó é um hipócrita. Também faz a inferência de que se os problemas vieram, então Jó deve ter pecado. “Se fores puro e reto, certamente, logo despertará por ti” [8.6].

Zofar condena Jó por verbosidade, presunção, e pecaminosidade, concluindo que Jó está recebendo menos do que merece: “Pelo que sabe Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade” [11.6].

Os três homens chegam basicamente a mesma conclusão:

- o sofrimento é consequência direta do pecado, e a iniquidade é sempre punida.

Argumentam que é possível avaliar o favor ou desfavor de Deus a alguém pela prosperidade ou adversidade material. Assumem erroneamente que o povo pode compreender os caminhos de Deus sem levar em conta o fato de que as bênçãos e a retribuição divina podem ir além da vida presente.

Na sua resposta aos seus amigos, Jó reafirma a sua inocência, dizendo que a experiência prova que tanto o justo como o injusto sofrem, e ambos desfrutam momentos de prosperidade. Lamenta o seu estado deplorável e as suas tremendas perdas, expressando a sua tristeza em relação a eles por acusarem-no em lugar de trazer-lhe consolo.

Depois que os três amigos terminam, um jovem, chamado Eliú, confronta-se com Jó, que prefere não responder suas acusações. O argumento de Eliú pode ser resumido desta maneira: Deus é maior do que qualquer ser humano, isso significa que nenhuma pessoa tenha o direito ou autoridade de exigir uma explicação dele. Argumenta que o ser humano não consegue entender algumas coisas que Deus faz. Ao mesmo tempo, Eliú sugere que Deus irá falar se ouvirmos. A sua ênfase está na atitude do sofredor, ou seja, uma atitude de humildade levará Deus a intervir. Essa é a essência da sua mensagem: em vez de aprender com o seu sofrimento, Jó demonstra a mesma atitude dos ímpios para com Deus, e esta é a razão pela qual ainda está sofrendo aflição. O apelo de Eliú a Jó é:

- ter fé verdadeira em Deus, em vez de ficar pedindo explicação;
- mudar a sua atitude para uma atitude de humildade.

Não se deve concluir que todas as objeções dos amigos de Jó representem tudo o que se pensava de Deus durante aquela época. Na medida em que a revelação da natureza de Deus foi se fazendo conhecida através da história e das Escrituras, descobrimos que algumas dessas opiniões eram incompletas. Evidentemente, isso não faz com que o texto seja menos inspirado, antes nos dá um relato inspirado pelo Espírito Santo dos incidentes como realmente aconteceram.

Quando os quatro concluíram, Deus respondeu a Jó de dentro de um remoinho. A resposta de deus não é uma explicação dos sofrimentos de Jó, mas, através de uma série de perguntas, Deus procura tornar Jó mais humilde. Quando relemos a fala de Deus através do remoinho, tiramos três conclusões a respeito do sofrimento de Jó:

1) não aparece a intenção de se revelar a Jó a causa dos seus sofrimentos. Deus não podia, provavelmente, explicar alguns aspectos do sofrimento humano, no momento em que acontece, sem o risco de destruir o próprio objetivo que esse sofrimento é destinado a cumprir;
2) Deus se envolve com a realidade do ser humano: Jó e o seu sofrimento são suficientes que Deus fale com ele;
3) o propósito de Deus também era o de levar Jó a abrir mão da sua justiça própria, da sua defesa própria e sabedoria auto-suficiente, de forma que pudesse buscar esses valores em Deus.

Eliú, em seu debate com Jó, faz três declarações significativas sobre o papel do Espírito Santo no relacionamento do povo com Deus.

Em 32.8, declara que o nível de compreensão de uma pessoa não está relacionado a sua idade ou etapa de vida, mas é antes o resultado da operação do Espírito de Deus. O Espírito é o autor da sabedoria dando a cada um a capacidade de conhecer e tirar lições pessoais das coisas que acontecem na vida. Assim, conhecimento e sabedoria são bênçãos do Espírito aos homens.

O Espírito de Deus é também a fonte da própria vida [33.4]. Se não fosse pela influência direta do Espírito, o homem como nós o conhecemos não teria chegado a existir. Assim foi na criação original do homem, e assim continua sendo. Eliú declara que a sua própria existência dá testemunho do poder criador do Espírito. O Espírito de Deus é o Espírito da vida.

Como o Espírito de Deus dá vida e sabedoria ao homem, ele também é essencial a própria continuidade da raça humana. Se Deus tivesse que desviar a sua atenção para outro lugar, se tivesse que retirar o seu Espírito-que-dá-vida deste mundo, certamente a história humana chegaria ao seu fim [34.14,15]. A intenção de Eliú é deixar claro que Deus não é caprichoso nem egoísta, pois cuida do ser humano, sustenta-o de forma constante pela abundante presença do seu Espírito. Dessa forma, o Espírito Santo no livro de Jó é o criador e mantenedor da vida, conferindo–lhe significado e racionalidade.

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Conhecendo a Bíblia - Ester

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O nome do autor é desconhecido. Mas o livro foi escrito por um judeu que conhecia os costumes e a linguagem dos persas. Talvez Mardoqueu ou Esdras tenha sido o autor, é uma narração bem elaborada, que relata como o povo de Deus foi preservado da ruína durante o século V aC.

O livro toma seu nome de uma mulher judia, bela e órfã, que se tornou rainha do rei persa Assuero. Acredita-se que este rei tenha sido Xerxes I, que sucedeu Dario I, em 485 aC, e governou 127 províncias, desde a Índia até a Etiópia, durante vinte anos. Viveu em Susã, a capital persa. Naquela época, certo número de judeus ainda se encontrava na Babilônia sob o governo persa, embora tivesse liberdade para retornar a Jerusalém [Ester 1-2]. A história se desenrola num período de quatro anos, iniciando no terceiro ano do reinado de Xerxes.

Ester é um estudo da sobrevivência do povo de Deus em meio a hostilidade. Hamã, o homem mais importante depois do rei, deseja a aniquilação dos judeus. Ele manipula o rei para que execute os judeus. Entretanto, Deus usou da insônia do rei [6.1-3], para exaltar seu servo (Mardoqueu) pelo seu inimigo (Hamã), Deus zela por seu povo de dia e de noite. Ester é introduzida em cena e Deus faz uso dela para salvar seu povo. Hamã é enforcado; e Mardoqueu, líder dos judeus no Império Persa, se torna o segundo depois do rei Assuero. A festa de Purim é instituída para marca a libertação dos judeus.

Um aspecto peculiar no Livro de Ester é que o nome de Deus não é mencionado. No entanto, vestígios de Deus e seus caminhos transparecem em todo o livro, especialmente na vida de Ester e Mardoqueu. Da perspectiva humana, Ester e Mardoqueu foram as duas pessoas do povo menos indicadas para desempenhar funções importantes na formação da nação. Ele era um judeu benjamita exilado; ela era prima órfã de Mardoqueu, adotada por este [2.7]. A maturidade espiritual de Ester se percebe na virtude dela saber esperar pelo momento que Deus julgou adequado, para, então, pedir ao rei a salvação do povo e denunciar Hamã [5.6-8; 7.3-6]. Mardoqueu também revela maturidade para aguardar que Deus lhe indicasse a ocasião correta e lhe orientasse. Em consequência, ele soube o tempo certo de Ester desvendar sua identidade judaica [2.10]. Esta espera divinamente orientada provou ser crucial [6.1-14; 7.9,10] e comprova a base espiritual do livro.

Finalmente, tanto Ester quanto Mardoqueu temiam a Deus, não a homens. Independentemente das consequências, Mardoqueu recusou-se a prestar honras a Hamã. Ester arriscou sua vida por amor do seu povo quando foi ao rei sem ter sido convidada. A missão de Ester e Mardoqueu sempre foi salvar a vida que o inimigo planejava destruir [2.21-23; 4.1-17; 7.1-6; 8.3-6] Como resultado, conduziram a nação a liberdade, foram honrados pelo rei e receberam autoridade, privilégios e responsabilidades.

Embora não se mencione diretamente o Espírito Santo, sua ação produziu em Ester e Mardoqueu profunda humildade, conduzindo-os ao amor mútuo e a lealdade [Romanos 5]. O Espírito Santo também dirigiu e fortaleceu Ester para jejuar pelo seu povo e pedir que este fizesse o mesmo [Romanos 8].

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Conhecendo a Bíblia - Neemias

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O título atual do livro é derivado do seu personagem principal, cujo nome aparece em 1.1. A nossa primeira imagem de Neemias é quando ele aparece em seu papel de copeiro na corte de Artaxerxes. Um copeiro tinha uma posição de grande confiança como conselheiro do rei e a responsabilidade de proteger o rei de envenenamento. Enquanto Neemias, sem dúvida, desfrutava o luxo do palácio, o seu coração estava em Jerusalém, uma pequena cidade nas longínquas fronteiras do império.

A oração, o jejum, as qualidade de liderança, a poderosa eloqüência, as habilidades organizacionais criativas, a confiança nos planos de Deus e a rápida e decisiva resposta aos problemas qualificavam Neemias como um grande líder e como um grande homem de Deus. Mais importante ainda: ele deixa transparecer um espírito de sacrifício, cujo único interesse é resumido na sua repetida oração: “Lembra-te de mim pra bem, ó meu Deus!

Nas escrituras, o livro de Neemias formava uma unidade com Esdras. Muitos estudiosos consideram Esdras como o autor/compilador de Esdras-Neemias bem como de 1 e 2Crônicas. Ainda que não tenhamos muita certeza, parece que Neemias contribuiu com parte do material contido no livro que leva o seu nome [caps.1-7; 11-13]. Neemias significa “Jeová consola”. A história começa no livro de Esdras e se completa em Neemias, que serviu duas vezes como governador da Judéia, deixa a Pérsia para realizar a sua primeira missão no vigésimo ano de Artaxerxes I da Pérsia, que reinou de 465 até 424 aC [2.1]. Retorna à Pérsia no trigésimo segundo ano de reinado de Artaxerxes [13.6] e volta novamente para Jerusalém “ao cabo de alguns dias”.

Pelo conteúdo do livro, sabe-se que a obra somente pode ter sido escrita algum tempo depois da volta de Neemias da Pérsia para Jerusalém. Talvez a sua redação final tenha sido completada antes da morte de Artaxerxes I em 424 aC; ao contrário, a morte de um monarca tão benigno provavelmente teria sido mencionada em Neemias.

O período histórico coberto pelos livros de Esdras e Neemias é de cerca de 110 anos. O período de reconstrução do templo sob Zorobabel, inspirado pela pregação de Zacarias e Ageu, foi de 21 anos. 60 anos mais tarde, Esdras causou um despertar do fervor religioso e promoveu um ensino adequado sobre o culto no templo. 13 anos depois, Neemias veio pra construir os muros. Talvez Malaquias tenha profetizado durante aquela época. Se foi assim, Neemias e Malaquias trabalharam juntos para erradicar o mal que significava o culto a muitos deuses e atacaram o pecado da associação com o povo que havia sido forçada a recolonizar aquelas regiões pelos assírios cerca de 200 anos antes. Tiveram tanto sucesso, que durante o período intertestamental o povo de Deus não voltou a idolatria. Dessa maneira, quando veio o Messias, pessoas como Isabel e Zacarias, Maria e José, Simeão, Ana, os pastores e outros eram pessoas piedosas com que Deus iria se comunicar.

Neemias expressa o lado prático, a vivência diária da nossa fé em Deus. Esdras havia conduzido o povo a uma renovação espiritual, enquanto Neemias era o Tiago do Antigo Testamento, desafiando o povo a mostrar a sua fé por meio das obras.

A primeira seção do livro [caps. 1-7] fala sobre a construção do muro. Era necessário para que Judá e Benjamim continuassem a existir como nação. Durante o período da construção dos muros, os crentes comprometidos, guiados por esse líder dinâmico, venceram a preguiça [4.6], zombaria [2.20], conspiração [3.9] e ameaças de agressão física [4.17].

A segunda seção do Livro [caps. 8-10] é dirigida ao povo que vivia dentro dos muros. A aliança foi renovada. Os inimigos que moravam na cidade foram exposto e tratados com muita dureza. Para guiar esse povo, Deus escolheu um homem de coração reto e com uma visão clara dos temas em questão, colocou-o no lugar certo no momento certo, equipou-o com o seu Espírito e o enviou pra fazer proezas.

Na última seção [caps.11-13], o povo é restaurado à obediência da Palavra de Deus, enquanto Neemias, o leigo, trabalha junto com Esdras, o profeta. Como governador durante esse período, Neemias usou a influência do seu cargo para apoiar a Esdras e exercer uma liderança espiritual. Aqui se revela um homem que planeja sabiamente suas ações (“considerei comigo mesmo no meu coração”) e um homem cheio de ousadia (“contendi com os nobres”)

Desde a criação, o Espírito Santo tem sido o braço executivo de Deus na terra. Eliú falou a verdade quando disse a Jó: “O Espírito de Deus na terra me fez” [Jó 33]. Aqui aparece um padrão constante: é o Espírito de Deus que age para fazer de nós o que Deus quer que sejamos. Neemias 2 diz: “Então, lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável”. A mão de Deus, Seu modo de agir sobre a terra, é o Espírito Santo.

Neemias, foi claramente um instrumento do Espírito Santo. Sob o poder do Espírito Santo, certamente se tornou modelo da forma de atuar do Espírito Santo e foi um dos primeiros cumprimentos dessa memorável profecia.


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Conhecendo a Bíblia - Esdras

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O livro de Esdras, cujo nome provavelmente signifique “O Senhor tem ajudado”, deriva o seu título do personagem principal dos caps. 7-10. A opinião conservadora e geralmente aceita é de que Esdras tenha compilado ou escrito este livro juntamente com 1 e 2Crônicas e Neemias. A Bíblia hebraica reconhecia Esdras e Neemias como um só livro.

O próprio Esdras era um sacerdote, um “... escriba das palavras, dos mandamentos do SENHOR” [7]. Liderou o segundo dos três grupos que retornaram da Babilônia para Jerusalém. Como homem devoto, estabeleceu firmemente a Lei (o Pentateuco) como a base da fé [7].

Os eventos de Esdras cobrem um período um pouco maior do que 80 anos e caem em dois segmentos distintos. O primeiro [caps.1-6] cobre um período de cerca de 23 anos e tem como tema o primeiro grupo que retorna do exílio sob Zorobabel e a reconstrução do templo.

Depois de mais de 60 anos de cativeiro babilônico, Deus desperta o coração do regente da Babilônia, o rei Ciro da Pérsia, Isaías 44.28, para publicar um edito que dizia que todo judeu que assim desejasse poderia retornar pra Jerusalém a fim de reconstruir o templo e a cidade. Um grupo de fiéis responde e partiu em 538 aC. sob a liderança de Zorobabel. A construção do templo é iniciada, mas a oposição dos habitantes não judeus desencoraja o povo, e a obra é interrompida. Deus, então, levanta os ministérios proféticos de Ageu e Zacarias, que chamam o povo para completar a obra. Embora bem menos esplêndido que o templo anterior, o de Salomão, o novo templo é completado e dedicado em 515 aC.

Aproximadamente 60 anos depois (458 aC.), outro grupo de exilados volta para Jerusalém liderados por Esdras [caps. 7-10]. São enviados pelo rei persa Artaxerxes, com somas adicionais de dinheiro e valores para intensificar o culto no templo. Esdras também é comissionado para apontar líderes em Jerusalém para supervisionar o povo. Já em Jerusalém, Esdras assumiu o ministério de reformador espiritual, o que deve ter durado cerca de um ano. Sacerdote dedicado, Esdras encontra um Israel que tinha adotado muitas das práticas dos habitantes pagãos; ele chama Israel ao arrependimento e a uma renovada submissão a Lei, ao ponto do divórcio de suas esposas pagãs.

Duas grandes mensagens emergem de Esdras: a fidelidade de Deus e a infidelidade do homem.

Deus havia prometido através de Jeremias [25] que o cativeiro babilônico teria duração limitada. No momento apropriado, cumpriu fielmente a sua promessa e induziu o espírito do rei Ciro da Pérsia a publicar um edito para o retorno dos exilados [1]. Fielmente, concedeu liderança (Zorobabel e Esdras), e os exilados são enviados com despojos, incluindo itens que haviam sido saqueados do templo de Salomão [1].

Quando o povo desanimou por causa da zombaria dos inimigos, Deus fielmente levantou Ageu e Zacarias para encorajar o povo a completar a obra. O estímulo dos profetas trouxe resultados [5].

Finalmente, quando o povo se desviou das verdades da Sua palavra, Deus fielmente enviou um sacerdote dedicado que habilidosamente instruiu o povo na verdade, chamando-o à confissão de pecado e ao arrependimento dos seus caminhos perversos [caps. 9-10].

A fidelidade de Deus é contrastada com a infidelidade do povo. Apesar do seu retorno e das promessas divinas, o povo se deixou influenciar pelos seus inimigos e desistiu temporariamente [4]. Posteriormente, depois de completada a obra, de forma que pudesse adorar a Deus em seu próprio templo [6], o povo se tornou desobediente aos mandamentos de Deus; desenvolve-se uma geração inteira cujas “... iniquidades se multiplicaram sobre as vossas cabeças” [9]. Contudo, como foi dito acima, a fidelidade de Deus triunfa em cada situação.

A obra do Espírito Santo em Esdras pode ser vista claramente na ação providencial de Deus em cumprir as suas promessas. Isto é indicado pela frase “a mão do Senhor”, que aparece seis vezes.

Foi pelo Espírito que “... despertou o Senhor o espírito de Ciro...” [1] e “... tinha mudado o coração do rei da Assíria...” [6]. Teria sido também pelo Espírito Santo que “Ageu, profeta e Zacarias... profetizaram aos Judeus...” [5].

A obra do Espírito Santo é vista na vida pessoal de Esdras, tanto no sentido de obrar nele, porque “Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor...” [7], como no sentido de atuar em seu favor,“... o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira” [7].

A atitude de Esdras descreve bem a disposição que cada cristão deve mostrar no serviço ao Senhor: "Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos" [7]. Esse servo se ofereceu ao serviço de Deus com coração disposto. Mas, um coração bom precisa ser aplicado com toda reverência e respeito para com Deus.

Observando as duas coisas que Esdras fez:
Buscou a Lei. Antes de mais nada, o discípulo do Senhor precisa conhecer a palavra do Mestre. Jesus mandou que conheçamos a verdade, a Palavra de Deus [João 8; 17]. Conhecimento sem aplicação na própria vida não adianta. "Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos" [Tiago 1].
Ensinou a Palavra aos outros. A palavra que ouvimos deve ser transmitida a outras pessoas [2Timóteo 2; Hebreus 5].

O escriba e sacerdote Esdras nos serve como excelente exemplo. Cada cristão deve imitar a atitude dele. Com corações dispostos, devemos buscar, cumprir e ensinar a palavra de Deus.


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Conhecendo a Bíblia - 2 Crônicas

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O livro de 2Crônicas tem duas divisões principais:

- A primeira seção é constituída pelos primeiros nove capítulos [caps. 1-9] descreve em linhas gerais o governo do rei Salomão, chamando a atenção, para como se portavam de maneira exemplar os servos de Salomão, o que trouxe a rainha de Sabá, a ficar como fora de si [9.1-12]. A narrativa dá bastante importância a construção do templo [caps. 2-7] bem como a riqueza e a sabedoria desse extraordinário rei [caps. 8-9]. A narrativa, no entanto, termina abruptamente e não faz menção das fraquezas de Salomão, conforme registradas em 1Reis 11.

- A segunda seção do Livro é formada pelos caps. 10 a 36. Depois da divisão do reino, se concentram quase que exclusivamente no Reino do Sul, Judá, e discorre sobre a história do Reino do Norte, Israel, só ocasionalmente. 2Crônicas traça a historia dos reinados dos 20 governantes de Judá, onde relata como a idolatria e desobediência ao Senhor dos Exércitos, por vários reis, até ao cativeiro babilônico o Reino do Sul em 586 aC. O livro conclui com o decreto de Ciro libertando e permitindo a volta do povo para Judá [36.22,23], atitude profetizada por Isaías, mesmo antes do nascimento de Ciro, Isaías 44.28.

O rei Ezequias foi um dos melhores reis de Judá por causa da sua confiança e dependência em Deus [2Crônicas 32.1-23]. Ezequias, que seguiu o exemplo do seu antepassado o Rei Davi, começou a reinar com 25 anos de idade e reinou por 29 anos. Sua mãe era Abi, filha de Zacarias. Ezequias confiava plenamente no Senhor, guardava seus mandamentos e exortava o povo a desviar-se do pecado e voltar-se para Deus. [Leia mais em 2Reis 18.3-6; 2Crônicas 30-6.9]. No início do seu reino, Ezequias reparou e purificou a casa do Senhor, reintegrou os sacerdotes e levitas ao seu ministério, e restaurou a celebração da Páscoa [2Crônicas 29.3 e 30.5]. Ele destruiu todos os altares e altos idólatras em Judá. Deus trouxe paz ao reino quando Ezequias cuidou da casa do Senhor e providenciou a adoração verdadeira ao Deus de Israel.

Há três referências ao Espírito Santo em 2Crônicas. É identificado como o “Espírito de Deus” [15.1; 24.20] e como o “Espírito do SENHOR” [20.14]. Nessas referências, o Espírito Santo inspirou ativamente Azarias [15.1], Jaaziel [20.14] e Zacarias [24.20] para que falassem da parte de Deus. Além dessas referências, muitos vêem a presença do Espírito Santo na dedicação do templo... “porque a glória do Senhor encheu a casa de Deus” [5.13,14].


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Conhecendo a Bíblia - 1º Crônicas

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1 e 2Crônicas eram originalmente um só livro. Como a identidade do autor dessa obra não é explicitada em 1 nem em 2 Crônicas, muitos optaram por se referir a esse autor desconhecido simplesmente como “o cronista”.

No entanto, Esdras é o candidato mais provável para a autoria de Crônicas. A antiga tradição judaica do Talmude afirma que Esdras escreveu o livro. Além disso, os versículos finais de 2Crônicas 36.22,23, repetem-se como os versículos iniciais de Esdras [ver Esdras 1.1-3]. Isso não apenas reforça o argumento que aponta Esdras como autor de 1Crônicas, mas pode ser também uma indicação de que Crônicas e Esdras tenham sido em algum momento uma única obra. Soma-se a isso o fato de que 1 e 2Crônicas tenham estilo, vocabulário e conteúdo similares. Esdras era tanto escriba como profeta e desempenhou um papel significativo na comunidade de exilados que retornou à cidade de Jerusalém. Apesar de não podermos afirmar com certeza absoluta, é razoável assumir que “o cronista” tenha sido Esdras.

Embora seja difícil estabelecer a data exata para 1 e 2Crônicas, é provável que a sua forma final tenha surgido lá pelo final do séc. V aC. O último evento registrado nos versículos finais de 2Crônicas é o decreto de Ciro, rei da Pérsia, que dá licença à volta dos judeus para Judá. É datado como 538-537 aC. e dá a impressão de que Crônicas tenha sido composto pouco tempo depois. No entanto, a última pessoa mencionada em 1 e 2Crônicas é realmente Anani, da oitava geração do rei Jeoaquim [ver 1Crônicas 3.24]. Jeoaquim foi deportado para a Babilônia em 597 aC. Dependendo de como essas gerações são medidas (cerca de 25 anos), o nascimento de Anani pode ter acontecido entre 425 e 400 aC. Portanto, a data para 1 e 2Crônicas pode ser situada entre 425 e 400 aC.


O CILINDRO DE CIRO é um cilindro de barro que registra um importante decreto de Ciro, Rei dos Persas. Ciro adotou a política de autorizar os povos exilados em Babilônia retornarem as suas terras de origem. Veja Esdras 1.2-4. Este decreto foi emitido no seu 1º ano após a conquista de Babilônia, isto no ano 538-537 aC. A conquista de Babilônia, de um modo rápido e sem batalha pelos medos e persas, descrita em Daniel 5.30-31, é confirmada no relato do Cilindro de Ciro. Ver Isaías 44.28; 2Crônicas 36.22,23. Durante 50 anos, entre 587 a 537 aC, Jerusalém esteve desabitada em completa ruína. Somente depois do Decreto de Ciro, se reuniu uma primeira vaga de judeus exilados que viajou desde Babilônia até a terra de Judá. Era seu objetivo primário reconstruir o Templo de Jerusalém. Esdras 1-2.

O livro de 1Crônicas cobre o período que vai de Adão até a morte de Davi, ao redor de 971 aC. É um período de tempo extraordinário, pois abrange o mesmo período coberto pelos primeiros 10 livros do Antigo Testamento, de Gênesis até 2Samuel. Se as genealogias de 1Crônicas 1-9 fossem ignoradas, 1 e 2Crônicas cobririam aproximadamente o mesmo período de tempo de 1 e 2Reis. No entanto, o cenário específico de 1 e 2Crônicas é o período de tempo que vem depois do exílio. Durante essa época, o mundo antigo estava sob o controle do poderoso Império Perda. Tudo o que restou dos gloriosos reinados de Davi e Salomão foi a pequena província de Judá. Os persas substituíram o rei por um governador provincial. Apesar de que o povo de Deus tenha recebido licença para voltar a Jerusalém e reconstruir o templo, a sua situação era muito diferente da dos anos dourados de Davi e Salomão.

O livro de 1Crônicas tem duas divisões principais. A primeira seção é constituída por 9 capítulos de genealogias. As genealogias começam com Adão e continuam, atravessando todo o período do exílio, até àqueles que retornaram para Jerusalém. Com freqüência não se dá muita importância a esta seção. Contudo, assim como nos Evangelhos de Mateus e Lucas, as genealogias formam a base das narrativas que se seguem. 1Crônicas está carregado de genealogias para sublinhar a necessidade de pureza racial e religiosa. As genealogias são compiladas seletivamente para realçar a linhagem de Davi e da tribo de Levi.

A segunda parte de 1Crônicas [caps. 10-29] registra os eventos e realizações do rei Davi. O cap. 10 serve como prólogo para resumir o reinado e a morte do rei Saul. Nos caps. 11 e 12, Davi se torna rei e conquista Jerusalém. O restante das narrativas sobre Davi está enfocada sobre três aspectos significativos do seu reinado, ou seja, o transporte da arca do Testemunho para Jerusalém [caps. 13-17], suas proezas militares [caps. 18-20] e os preparativos para a construção do tempo [caps. 21-27]. Os dois últimos capítulos de 1Crônicas recorda os últimos dias de Davi.

Há duas referências claras ao Espírito Santo em 1Crônicas. A primeira está em 12.18, em que o “Espírito” entrou em Amasai e o capacitou a fazer uma declaração inspirada. E a segunda em 28.12, a qual explica que por meio do ministério do Espírito (ânimo) os planos do templo foram revelados a Davi.


Vivendo Por, Em e Para Cristo; nos interesses da Igreja que Cristo edificou.
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Conhecendo a Bíblia - 2º Reis

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O Relatório Histórico que mostra a mão providencial de Deus no estabelecimento da nação de Israel

Deus visto como sendo longânimo, mas firme para efetuar o propósito eterno. Livros dos profetas foram escritos durante do período destes dois livros de 1 e 2Reis:
- A Nínive – Jonas;
- A Israel - Amós, Oséias, Joel;
- A Judá - Isaías, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Jeremias, Malaquias, Zacarias, Ezequiel. Também durante esta época, foram colocados na sua forma presente os livros de Provérbios. Eclesiastes e Cantares de Salomão.

2Reis era originalmente a segunda metade de um livro que incluía 1 e 2Reis. Esta obra deve ter sido compilada algum tempo depois da tomada de Judá pelos babilônios em 586 aC. O livro dá a impressão de ser obra de um só autor e de que este autor tenha testemunhado a queda de Jerusalém. Apesar de que a data exata para a composição de 1 e 2Reis seja incerta, acredita-se que a sua forma final estava pronta em algum momento da última parte do séc. VI aC.

Os acontecimentos descritos em 2Reis abrangem um período de cerca de 300 anos. Recorda as turbulentas experiências do povo de Deus desde o reinado de Acazias (o nono rei Israel) ao redor de 853 aC, incluindo a queda de Israel para a Assíria em 722 aC, passando pela deportação de Judá para a Babilônia em 586 aC e terminando com a libertação do rei Joaquim em 560 aC. Esse foi um período difícil da história do povo de Deus, foram grandes mudanças e sublevações. Havia luta interna e pressão externa. O resultado foi um momento tenebroso na história do povo de Deus: colapso e consequente cativeiro de ambas as nações.

2Reis retoma a história trágica do “reino divido” quando Acazias está no trono de Israel e Josafá governando sobre Judá. Assim como 1Reis, é difícil seguir o fluxo da narrativa. O autor ora está falando do Reino do Norte, Israel, ora do Reino do Sul, Judá, traçando simultaneamente suas histórias:
- Israel teve 19 governantes, todos ruins;
- Judá foi governado por 20 regentes, dos quais apenas oito foram bons.

2Reis recorda a história do últimos 10 reis e dos últimos 16 governantes de Judá. Alguns desses 26 governantes são mencionados em apenas poucos versículos, enquanto que capítulos inteiros são dedicados a outros. A atenção maior é dirigida aqueles que ou serviram de modelo de integridade ou que ilustram por que essas nações finalmente entraram em colapso.

O fracasso dos profetas, sacerdotes, e reis do povo de Deus aponta para a necessidade do advento de Cristo. Cristo é a combinação ideal desses três ofícios. Como profeta, a palavra de Cristo ultrapassa largamente a dos ofícios. Como profeta, a palavra de Cristo ultrapassa largamente a do grande profeta Elias [Mateus 17];

Muitos dos milagres de Jesus são reminiscências das maravilhas que Deus fez através de Elias e Eliseu em Reis. Além disso, Cristo é um Sacerdote superior a qualquer daqueles registrados em Reis [Hebreus 7]. 1Reis ilustra vivamente a necessidade de Cristo como o nosso Rei em exercício de suas funções. Quando perguntado se era rei dos judeus, Jesus afirmou que era [Mateus 27]. No entanto, Jesus é um Rei maior do que o maior dos seus reis [Mateus 12]. O reinado de cada um desses 26 governantes já terminou, mas Cristo reinará sobre o trono de Davi pra sempre [1Crônicas 17; Isaías 9], pois Ele é “REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES” [Apocalipse 19].

Há uma referência indireta ao Espírito Santo na frase “teu espírito" em 2.9,15. Aqui Eliseu tenta receber o mesmo poder de Elias para levar adiante o ministério profético do seu antecessor. O espírito enérgico ou o poder que capacitava Elias a profetizar era o Espírito de Deus. 2Reis 2.9,16 fornece um paralelo interessante entre Atos 1.4-9 e 2.1-4. Elias foi elevado ao céu, Eliseu procurou a promessa de que receberia poder para levar adiante o ministério do seu mestre, e a promessa foi cumprida. Da mesma maneira, Jesus ascendeu, os discípulos aguardaram o cumprimento da promessa, e o Espírito Santo desceu para capacitá-los a levar adiante a obra que seu mestre começou.

Uma alusão final ao Espírito Santo aparece em 2Reis 3.15. Aqui a “mão do Senhor” veio sobre Eliseu, capacitando-o a profetizar ao rei Josafá. A fórmula “a mão do SENHOR” se refere ainspiração divina dos profetas.


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Conhecendo a Bíblia - 1º Reis

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O Relatório Histórico que mostra a mão providencial de Deus no estabelecimento da Nação de Israel

Apesar de que a data exata para a composição de 1 e 2Reis seja incerta, acredita-se que a sua forma final estava pronta em algum momento da última parte do séc. VI aC.

O último acontecimento mencionado em 2Reis é a libertação do Rei Joaquim, de Judá, que estava preso na Babilônia. Considerando que Joaquim foi feito prisioneiro em 597 aC, os livros de Reis devem ter sido escritos depois de 560 aC para que esta informação pudesse ser incluída. O autor de Reis teria mencionado, provavelmente, um acontecimento tão importante como a queda da Babilônia para a Pérsia em 538 aC, caso houvesse tido conhecimento desse evento. Como não há menção dessa importante notícia em Reis, conclui-se, então, que Reis tenha sido escrito, provavelmente antes de 538 aC, embora os eventos registrados em 1Reis tenha ocorrido uns trezentos anos mais cedo.

Os acontecimentos descritos em 1Reis abrangem um período de cerca de 120 anos. Recorda as turbulentas experiências do povo de Deus desde a morte de Davi, em cerca de 971 aC, até ao reinado de Josafá (o quarto rei do Reino de Judá) e o reinado de Acazias (o nono rei do Reino de Israel), em cerca de 853 aC. Esse foi um período difícil da história do povo de Deus, foram grandes mudanças e sublevações. Havia luta interna e pressão externa. O resultado foi um momento tenebroso, em que um reino estável, dirigido por um líder forte, dividiu-se em dois. 1 e 2Reis eram, originalmente, um só livro, que continuava a narrativa de 1 e 2Samuel. Os compositores do Antigo T grego (Septuaginta ou LXX) dividiram a obra em “3 e 4 Reinos” (1 e 2Samuel eram 1 e 2Reino). O Título “Reis” se deriva da tradução latina de Jerônimo (Vulgata) e é apropriado por causa da ênfase desses livros nos reis que governaram durante este período.

Os livros de 1 e 2Reis começam a registrar os eventos históricos do povo de Deus no lugar em que 1 e 2Samuel interrompem. No entanto, Reis é mais do que uma simples compilação de acontecimentos políticos importantes ou socialmente significativos em Israel e Judá. Na realidade, não contém uma narrativa histórica tão detalhada como se poderia esperar (400 anos em 47 capítulos). Ao contrário, 1 e 2Reis são uma narrativa histórica seletiva, com um propósito teológico. O autor, portanto, seleciona e enfatiza o povo e os eventos que são significativos no plano moral e religioso. Em 1 e 2Reis, Deus é apresentado como Senhor da história.

1Reis 18.12 contém a única referência direta ao Espírito Santo, onde é chamado de “Espírito do Senhor”. As palavras de Obadias lá indicam que o Espírito Santo algumas vezes transportou Elias de um lugar para outro [ver também 2Reis 2.16] Percebe-se uma relação com Atos 8.39-40, em que se descreve Filipe como tendo uma experiência similar.

Há uma alusão, em 18.46 (“a mão do SENHOR”), à ação do Espírito Santo em capacitar Elias para operar milagres, A fórmula “mão do SENHOR” é uma referência à inspiração dos profetas pelo Espírito de Deus [ver 2Reis 3.15 e Ezequiel 1.3; comparar com 1Samuel 10.6,10 e 19.20,23]. Aqui “a mão do SENHOR” se refere ao Espírito Santo que dotou Elias com poderes sobrenaturais para realizar uma façanha surpreendente.

Além dessas passagens, 1Reis 22.24 pode ser outra referência ao Espírito Santo. Esse versículo se refere a um “espírito do SENHOR” e pode indicar que os profetas compreendiam que o seu dom de profecia vinha do Espírito de Deus [ver 1Samuel 10.6,10; 19.20,23]. Se esta interpretação é aceita, então estaria em paralelo com 1Coríntios 12.7-11, que confirma que a habilidade pra profetizar é realmente uma manifestação do Espírito Santo.

A figura de Elias na Bíblia

O próprio nome Elias, que significa "Yahweh é Deus" ou "Yahweh é meu Deus", já expressa seu caráter e sua função na história bíblica. Ele foi um vencedor do monoteísmo de Yahweh. É ele quem mantém a fé em Yahweh entre o povo e quem luta com vigor pelos Seus direitos. Sua árdua luta contra todo sincretismo religioso faz deste profeta, que "surgiu como fogo e cuja palavra queimava como uma tocha", uma figura de primeira linha na sucessão das duas Alianças. Os livros dos Reis nos contam sua vida de forma ampla. Nesta narração distinguem-se dois ciclos: "o ciclo de Elias" [1Reis 17 - 2Reis 1.18], que se centra na atividade do profeta, e o "ciclo de Eliseu" [2Reis 2-13], que começa com o arrebatamento de Elias, momento em que Eliseu o sucede.

Originário de Tesbi, Elias exerceu seu ministério no reino do Norte, no século IX a. C., em tempos de Acabe e de Acazias. Elias era sobretudo o inspirador da vida de oração. Ele exorta a se praticar a plenitude do amor divino. "Até quando vais estar mancando?", é apresentado também no Novo Testamento como modelo de oração eficaz [Tiago 5].

Na transfiguração de Jesus no Tabor, Elias aparece junto com Moisés [Mateus 17; Lucas 9], também favorecido por uma teofania no Sinai. Elias permanece ligado a Moisés na Antiga Aliança, da qual um é o legislador que a conclui, e o outro é o profeta que a conserva intacta e pura. A presença de ambos no Tabor é destinada a testemunhar, na antecipada exaltação de Jesus, que a Nova Aliança é o coroamento da Antiga.


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Conhecendo a Bíblia - 2º Samuel

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A Consequência do Pecado É Ampla

O livro de 2º Samuel, trata da ascendência de Davi ao trono e dos quarenta anos do seu reinado. O livro está enfocado na sua pessoa. E começa com a morte de Saul e Jônatas na batalha do monte Gilboa. Davi é, então, ungido rei sobre Judá, sua própria tribo. Há um jogo de poder pela casa de Saul entre Isbosete, filho de Saul e Abner comandante-chefe dos exércitos de Saul. Embora a rebelião tenha sido sufocada, esse relato sumário descreve os sete anos e meio anteriores à unificação do reino por Davi. “E houve uma longa guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi; porém Davi se ia fortalecendo, mas os da casa de Saul se iam enfraquecendo” [3].

Davi unifica tanto a vida religiosa quanto política da nação ao trazer a arca do Testemunho da casa de Abinadabe, onde havia estado deste que fora recuperada dos filisteus [cap. 6].

O tema do Rei vindouro, o Messias, é introduzido quando Deus estabelece uma aliança perpétua com Davi e seu reino. “Teu trono será firme para sempre” [7].

Davi derrota com sucesso os inimigos de Israel, e inicia-se um período de estabilidade e prosperidade. Tristemente, porém, a sua vulnerabilidade e fraqueza o leva ao pecado com Bate-Seba e ao assassinato de Urias, esposo dela.

Apesar do arrependimento de Davi depois de confrontado com o profeta Natã, as consequências da sua ação são declaradas com todas as letras: “Agora, pois, não se apartará a espada jamais de tua casa” [12].

Absalão, filho de Davi, depois de uma longa separação de seu pai, instiga uma rebelião contra o rei, e Davi foge de Jerusalém. A rebelião termina quando Absalão, pendurado numa árvore pelos cabelos, é morto por Joabe. Há uma desavença entre Israel e Judá a respeito da volta do rei a Jerusalém. Um rebelde chamado Seba instiga Israel a abandonar Davi e a voltar para casa. Embora Davi tome uma série de decisões desafortunadas e pouco sábias, a rebelião é sufocada, e Davi é mais uma vez estabelecido em Jerusalém.

O livro termina com dois belos poemas, uma lista dos valentes de Davi e com o pecado de Davi em fazer o censo dos homens de guerra de Israel. Davi se arrepende, compra a eira de Araúna e apresenta oferendas ao Senhor no altar que constrói.

Davi e seu reino esperavam a vinda do Messias. O cap. 7, em especial, antecipa o futuro Rei. Deus interrompe os planos de Davi de construir uma casa para a arca e explica que enquanto Davi não pode construir uma casa para Deus, Deus está construindo uma casa para Davi, ou seja, uma linhagem que dure para sempre.

Pela sua vitória sobre todos os inimigos de Israel, pela sua humildade e compromisso com o Senhor, pelo seu zelo a favor da casa de Deus e pela associação dos ofícios de profeta, sacerdote e rei na sua pessoa, Davi é um precursor da raiz de Jessé, Jesus Cristo.

Jesus explicou a obra do Espírito em João 16: “E, quando ele vier convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo”. Nós vemos claramente a ação do Espírito Santo através desses dois modos em 2Samuel. Ele atuava com mais frequência através do sacerdócio. Sua atuação como conselheiro pode ser apreciada nas muitas ocasiões em que Davi “consultou o Senhor” através do sacerdote e do éfode (sobrepeliz que usavam os sacerdotes hebreus por cima das vestes).

A obra de convencer e de condenar do Espírito é claramente percebida quando o profeta Natã enfrenta Davi por causa do seu pecado com Bate-Seba e Urias. O pecado de Davi é desnudado, a justiça é feita, e o julgamento é anunciado. Isso, no quadro microcósmico de 2Samuel, ilustra o amplo ministério do Espírito Santo no mundo através da igreja investida do poder do Espírito.


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Conhecendo a Bíblia - 1º Samuel

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Bênção Verdadeira Vem Com Espiritualidade Pura

O autor de 1Samuel não é nomeado neste livro, mas é provável que Samuel ou tenha escrito ou fornecido a informação para, 1-25.1, o que engloba sua vida e ministério até sua morte. A autoria do restante de 1Samuel não pode ser determinada com certeza, mas alguns supõem que seja do sacerdote Abiatar.

Por causa da referência à cidade de Ziclague, que “pertence aos reis de Judá, até o dia de hoje” [27], e por outras referências a Judá e a Israel, sabemos que 1Samuel foi escrito depois da divisão da nação em 931 aC. Além disso, como não há menção à queda de Samaria em 722 aC, deve ser datado antes deste evento. O livro de 1Samuel cobre um período de cerca de 140 anos, começando com o nascimento de Samuel em redor de 1150 aC e terminando com a morte de Saul em redor de 1010 aC.

Israel havia sido governado por juizes que Deus levantou em momentos cruciais da história da nação; no entanto, a nação havia se degenerado moralmente e politicamente. Havia estado sob a investida violentas e desalmadas dos filisteus. O templo de Siló fora profanado e o sacerdócio se mostra corrupto e imoral. Em meio a essa confusão política e religiosa surge Samuel, o milagroso filho de Ana. De uma forma notável, a renovação e a alegria que esse nascimento trouxe à sua mãe prefiguram o mesmo para a nação.

Os próprios filhos de Samuel não eram reflexo do seu caráter piedoso. O povo não tinha confiança nos seus filhos; mas a medida em que Samuel envelhecia, pressionavam-no para que lhes desse um rei. Com relutância, ele acaba cedendo. Saul, homem vistoso e carismático, é escolhido para tornar-se o primeiro rei.

O ego de Saul era tão grande quanto a sua estatura. Pela sua impaciência, exerceu funções sacerdotais, em vez de esperar por Samuel. Depois de desprezar os mandamentos de Deus, foi rejeitado por Ele. Depois dessa rejeição, Saul tornou-se uma figura trágica, consumida por ciúme e medo, perdendo gradualmente a sua sanidade. Gastou os seus últimos anos numa incansável perseguição a Davi através das regiões montanhosas e desérticas do seu reino, num desesperado esforço para eliminá-lo. Davi, no entanto, encontrou um aliado em Jônatas, filho de Saul. Ele advertiu Davi sobre os planos do seu pai para matá-lo. Finalmente, depois que Saul e Jônatas são mortos em batalha, o cenário está pronto para que Davi se torne o segundo rei de Israel.

As semelhanças entre Jesus e o pequeno Samuel são surpreendentes. Ambos são filhos de promessa. Ambos foram dedicados a Deus antes do nascimento. Ambos forma pontes de transição de um estágio da história da nação para outro. Samuel acumulou os ofícios de profeta e sacerdote; Cristo é profeta, sacerdote e rei.
O fim trágico de Saul ilustra o destino final dos reinos terrenos. A única esperança é um Reino de Deus na terra, cujo soberano seja o próprio Deus. Em Davi começa a linhagem terrena do Rei de Deus. Em Cristo, Deus vem como Rei e virá novamente como Rei dos reis.

Davi, o pequeno e humilde pastor, prefigura a Cristo, o Bom Pastor. Jesus torna-se o Rei-Pastor definitivo.

1Samuel contém notáveis exemplos da vinda do Espírito Santo sobre os profetas, bem como sobre Saul e seus servos. Em 10.6, o Espírito Santo vem sobre Saul, que profetiza e “se transforma em outro homem”, isto é, é equipado pelo Espírito para cumprir o chamado de Deus.

Depois de ser ungido por Samuel, “desde aquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi” [16]. O fenômeno do Espírito inspirando a adoração ocorre no cap. 10 e em 19.20. Esse fenômeno não é como o frenesi impregnado de emotividade dos pagãos, mas verdadeira adoração e louvor a Deus pela inspiração do Espírito, em semelhança ao ocorrido no dia de Pentecostes (Atos 2).

Mesmo nos múltiplos usos do éfode, Urim e Tumim, esperamos ansiosamente pelo momento em que o “Espírito da Verdade” nos irá guiar em “toda a verdade”, nos falará sobre “o que há de vir” e “há de receber do que é meu (de Jesus)” e no-lo “há de anunciar” [João 16].


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